Quando ocorrem tragédias como o recente massacre em Oslo, na Noruega, a primeira coisa que muitos fazem é culpar os games. Mas de acordo com o psicólogo Christopher Ferguson, quando um homem branco mata e os jogos acabam sendo culpados, podemos estar diante de um caso de racismo.
Embora haja provas concretas de que acusado pelos tiroteios de Oslo, Anders Behring Breivik, jogava jogos como Call of Duty e World of Warcraft, o psicólogo da Texas A & M University International não acredita que os jogos sejam a causa do crime, não mais do que Doom ou Quake foram no massacre de Columbine, em 1999 :
Eu sei que é um pouco controverso dizer isso, mas há um certo tipo de racismo na resposta da mídia a esses assassinatos”, disse Ferguson. “Quando tiroteios acontecem em uma cidade do interior em uma escola de minorias, ninguém culpa os games. Mas quando essas coisas acontecem nas escolas de maioria branca e nos subúrbios, as pessoas começam a surtar e os games são inevitavelmente culpados. Eu acho que há um certo elemento de racismo ou ignorância nesse caso.”
Ferguson é um especialista no estudo de violência nos games e de assassinatos em massa. Ele tem dedicado muito do seu tempo a pesquisar os efeitos dos games violentos em crianças, e recentemente publicou um estudo aprofundado sobre tais efeitos em jovens de diferentes nacionalidades. Ele sabe do que está falando, pelo menos tão bem quanto qualquer outra pessoa que diz ser um especialista no campo das relações entre videogames e comportamento.
As pessoas enxergam os jogos violentos como uma forma de explicar o comportamentos que são difíceis ou mesmo dolorosos de tentar entender. Eles querem algo para culpar, quando na realidade esses crimes são impossíveis de prever ou prevenir. A crescente popularidade dos videogames entre os jovens faz com que o hobby vire um alvo fácil.
“Vincular os jogos violentos a um homicídio em massa quando o criminoso é um homem jovem é como dizer que o crime aconteceu porque o indivíduo estava usando tênis”, disse Ferguson. “A taxa de incidência desses dois comportamentos é tão comum que não tem valor algum no sentido de prever acontecimentos.”
Ferguson faz uma ressalva, porém. As acusações contra videogames violentos talvez tenham diminuído um pouco no caso do massacre de Oslo porque foi um acontecimento longe dos Estados Unidos, onde essas acusações são mais comuns. Ou talvez, apenas talvez, os games estejam finalmente chegando ao ponto em que se tornaram uma parte definitiva de nossa cultura e as pessoas estão finalmente percebendo que eles são apenas mais uma forma de entretenimento. “Existem grupos que vão culpar os videogames por tudo”, afirma o psicólogo.
E o que dizer da minoria que ainda teima em acusar os games?
“Eles são como advogados de porta de cadeia, na verdade. Eu acho que é irresponsável e insensível tentar obter ganhos políticos com a tragédia de alguém, mas eles estão fazendo exatamente isso. Isso é o que eles fazem.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário